quarta-feira, 16 de junho de 2010

All The Boys Love BRUNA

Até ao passado mês de Março, Bruna Real era uma ilustre desconhecida. Tinha – é verdade – participado num desses reality shows que invadiram o mundo no século XXI. Esse reality show era “Pedro, O Milionário”.

Desse programa, Bruna, não ficou imortalizada na cabeça dos portugueses como ficou agora depois de posar nua para a versão portuguesa da revista Playboy.

E porquê? Porque nesse Trash TV Show da TVI, a nossa professora não andou para lá de maminhas ao léu e ainda nem era professora. Dessa bomba televisiva a única que alcançou o estrelato foi uma tal Sara, que anos depois se tornaria Miss Playboy Portugal. Hoje em dia a Sara já não é Miss de coisa nenhuma. Entretém-se a pedir patrocínios no Facebook para as suas belas extensões capilares.

O que é que a Bruna e a Sara têm em comum? A Playboy, marca fundada 1953 por Hugh Hefner.

Enquanto a Sara andava de desfile em desfile a defender as nossas cores, a Bruna Real marrou nos livros e tornou-se professora. Mais exactamente: responsável por actividades extracurriculares, que no seu caso é Expressão Musical.

Logo aqui demonstrou uma inteligência nata: esperou pela onda e atirou-se como se a sua vida depende-se disso. E não é que teve sorte? A Playboy portuguesa que já vai na 15ª edição foi a sua onda. E que bela onda!

Com ou sem fama de não pagarem os valores acordados às modelos, a verdade é que a Playboy é uma verdadeira montra para as mulheres portuguesas. É uma espécie de Champions League das revistas. Não tanto para a mulher da capa porque normalmente é uma celebridade, mas sim para as playmates que são jovens do mais sensual que existe neste Mundo. E também as produções de moda que na minha inocente opinião são o melhor da revista.

Portanto existem 3 classes: a capa, que normalmente é o que vende; a Playmate do Mês que é uma jovem com futuro; e a produção de moda que é onde se encontra a elegância em estado bruto.

A Bruna Real inseriu-se na terceira classe que lhe valeu um bilhete para uma futura capa, a primeira classe portanto. É tão simples quanto Matemática Aplicada.

Para seu infortúnio, exerce uma profissão que não é nada compatível com esta lengalenga das classes da Playboy. Para sua fortuna, a mesma profissão quando conjugada com qualquer tipo de rebeldia, como foi o seu caso, forma uma espécie de Bomba Atómica. Bomba essa que foi explorada como se fosse um escravo pelos pasquins que ganham a vida a falar de artes pirotécnicas.

Convém lembrar que a professora mais amada de Portugal é natural de Mirandela, onde também dá aulas.

Geograficamente falando: Trás-os-Montes.

Eu sei bem o que é, até porque sou natural de uma aldeia lá para o Norte. Nestes meios rurais o Portugal conservador é algo bem vivo. Por exemplo, se um rapaz usa brinco na orelha é porque gosta de homens, ou se uma mulher usa mini-saia é porque tem queda para trabalhar à beira da estrada.

Portanto, foi isto que me desagradou na Bruna. Ela não vive na Big Apple, vive em Mirandela, e quando se deslocou a Lisboa para fazer a secção fotográfica ficou consciente do que tinha feito: acendeu o rastilho da Bomba.

Passados uns tempos a Playboy é publicada e depressa desencadeia uma onda de curiosidade anormal nos conterrâneos de Bruna. E como a tiragem foi de 82.500 revistas, Portugal inteiro ficou a conhecer a professora mais sexy de sempre. Ninguém ficou a saber isso pela Playboy. Foram os pasquins que publicitaram isso tudo, porque na revista não aparece o nome dela em lado nenhum, quando mais a profissão.

A Bomba rebenta em Portugal levando o País a uma histeria idêntica à Visita do Papa. Em Mirandela os idosos gastam as reformas a comprar Playboys ao kg, deixando meia dúzia para as dezenas de alunos da Bruna. Conclusão: os alunos mataram uma fotocopiadora de tanto uso, chamando assim a atenção dos encarregados de educação e por conseguinte os autarcas de Mirandela que durante uma semana viram o seu camarário elevado a Casa Branca.

E pronto, isto tudo resumido e bem preparado dava um bom manual de como atingir a fama num abrir e fechar de olhos.

Não dando importância a situações alheias, Bruna Real tornou-se na Most Wanted do mercado: dá entrevistas a troco de 4 ordenados mínimos, cobra presenças em discotecas, etc.

Enquanto se equilibrar na prancha será sem dúvida uma mais-valia para o jet-set Português. Até porque os surfistas são sempre os mesmos. E até dá piada ver uma outsider a competir com os campeões nacionais de ‘surf’.

Quanto à onda, a Playboy, está de parabéns porque consegue realmente por em prática o conceito do seu fundador Hugh Hefner em Portugal. Segundo Hugh, “a vizinha do lado pode ser a mulher mais sexy do Mundo”.

Neste caso foi uma professora. Amén!

Ps: A Tv Globo mal soube desta novela correu a sete pés para junto da Bruna. Queria um exclusivo que muito provavelmente ocupasse um lugar de destaque na secção “Pegadinhas” do seu telejornal. Juro que compreendo cada vez menos este povo. Mandam celebridades escarrar em Portugal para depois se rirem disso no programa de horário nobre. Espetam-nos uma lavagem cerebral no “Maior Festival de Música do Mundo”. Roubam-nos a língua para a tornar numa espécie de texto de Wikipédia Br. Sinceramente que mal é que nós, Portugal, fizemos para além de os termos descoberto?

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